sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Recapitulando IV - UPA Manguinhos



20/01/11
Hoje visitamos a UPA (unidade de pronto atendimento) Manguinhos. Localizada no limite do bairro que da nome a unidade, ela é responsável pelo atendimento de urgência de todo bairro e arredores - isso pela falta de outros pontos de referência. Se fosse um imóvel residencial a UPA manguinhos certamente não seria nada valorizada. Sua localização é entre duas comunidades em que os traficantes são rivais, é a área no Rio de Janeiro, simplesmente, conhecida como faixa de gaza, além de ser vizinha da cracolândia.
Entre ficar e ser comida e correr e ser pega, a unidade teve que se adaptar a violência e ao poder paralelo. As histórias, vindas de onde o estado não entra, vão de espancamentos a uma dezena de mortos entregues à porta da UPA. O equilíbrio se da na tentativa do tráfico de não fazer barulho, da clínica de manter os atendimentos e do poder público de fingir não ver, enquanto a panela de pressão, mesmo em fogo brando, cegue aquecendo. Mas, enquanto a panela não estoura, e seu lobo não vem, a população, muita em estado de pauperização, aproveita o que nunca teve, uma unidade de saúde de boa estrutura do “lado de casa”. Apesar da falta de alguns profissionais, a UPA Manguinhos é uma gota de esperança em um lugar que sofre com as mais diversas necessidades. Mais uma vez a iniciativa se choca com a realidade, avassaladora, de carência da população. O estado esta indo, corajosamente, apesar de ainda muito longe do suficiente, onde nenhum outro já esteve. A UPA manguinhos e seus arredores, que serão por nós visitados, parecem ser um oásis no deserto do desmando e do descaso das décadas passadas, oásis que se não mata a sede, permite, ao menos, que se continue vivendo.

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