sábado, 22 de janeiro de 2011

Recapitulando V - Clínica da família Victor Valla




21/01/11
A Clínica da família Victor Valla está localizada no mesmo espaço da UPA Manguinhos, sua ligação com a unidade de pronto atendimento se da, inclusive, de forma física, de maneira que se pode entrar por um prédio e sair pelo outro. A clínica da família, existe apenas a nove meses e com treze equipes, de um ideal de dezesseis, cobre toda região de manguinhos. Entretanto, diferente de sua vizinha, UPA, não atende senão moradores da área que a ela é determinada. Como já dissemos, as clínicas da família estão voltadas à atenção primária, instrumentalmente menos complexas que o trabalho feito nas UPAs, no entanto, de prazo muito mais longo, pois exige, um cadastramento e posterior acompanhamento, o que impede o atendimento das pessoas de outras áreas. Em comparação a Clínica da família Hans Dohmann, a unidade de Manguinhos tem uma grande vantagem, a UPA a seu lado, podendo assim encaminhar para um local próximo aqueles que necessitam de um pronto atendimento. Em relação às equipes, a Victor Valla, apesar de não ter todas as necessárias, as tem completas, o que não ocorre na unidade da zona oeste do Rio. São realidades diferentes, que muitas vezes se cruzam, principalmente do lado de fora das clínicas. A falta de saneamento básico encontrada nas comunidades abraçadas pela clínica Hans Dohmann, no caso da unidade Manguinhos, se une a precária moradia e infraestrutura quase nula das favelas, ao perigoso entorno da cracolândia e claro ao poder paralelo dos traficantes. Por acompanhar os moradores, e se vincular a comunidade, a clínica da família acaba sendo atingida pela realidade fora de seus portões muito mais que sua vizinha UPA. Saneamento, coleta de lixo - que não existe em algumas partes – moradia, o drogado e o traficante, são um peso extra que esta unidade e seus trabalhadores devem carregar, pois o poder público, ausente em outras esferas, tem na clínica Victor Valla seu representante, mesmo que em muitos casos sem legitimidade, pois não é acompanhado de poder para mudar algo.

Cheguei a cerca de uma semana no Rio e ainda não participei de nenhuma roda de samba. No entanto me parece bem claro que a ginga do povo dessa terra se da longe do sambódromo, longe de cavaquinhos e pandeiros. A ginga carioca aparece com a necessidade de adaptação, constante, quase ininterrupta, de uma cidade que por muito tempo tem sido vista apenas por cartões postais.

Algo que não podemos deixar de citar são as obras do PAC realizadas na área. Acompanhados por um morador, que trabalha na clínica, vimos uma estrutura que, se não é a ideal - como os apartamentos pequenos por exemplo – humanizou o lugar. Centro cultural para jovens, biblioteca com internet, e um grande condomínio construído para as pessoas que outrora se empilhavam em barracos e casas precárias, além de um programa habitacional, ainda insuficiente, mas que busca remover as pessoas em moradias de risco. Muito mais ainda há para ser feito.

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